Eu cheguei na região da Serra da Mantiqueira por volta de 2003 e desde que cheguei, escuto sobre a famosa “Serra que chora”. Ao caminhar pelas trilhas da região fica evidente a quantidade de nascentes, rios e cachoeiras por entre as matas e dai se imagina o porque desse nome.

Mas você sabe a origem da Serra que chora?

Conta a lenda do Povo Tupi, a história de uma bela índia pela qual todos os guerreiros da tribo eram apaixonados devido a sua beleza, porém, ela se apaixonou pelo Sol, um guerreiro de cocar de fogo.

Peça teatral sobre a lenda da Mantiqueira – Representação do guerreiro sol

O guerreiro Sol, após muitos dias em suas caçadas, passando lentamente ao meio dia sobre o Itaguaré, onde sempre costumava ficar, se apaixonou pela bela índia. Seus encontros tornaram frequentes, a Lua mal subia no horizonte e o guerreiro Sol voltava de suas caçadas para encontrar a amada.

A tribo não conseguia mais dormir, não havia mais sonho e de tão perto que o guerreiro chegava da sua amada os pastos incendiavam, a capoeira secava e os lamaçais ferviam.

A Lua então viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher.

Peça teatral sobre a lenda da Mantiqueira – Representação da lua

Tupã, vendo a Lua se transformando, quis saber o que a deixava cheia de ódio, crescente de ciúme, minguando de dor e estava fazendo noite-sem-lua.

A Lua não se conformava, como uma simples mulher ousou amar o Sol.

Como o Sol ousou parar o tempo dos homens para amar uma simples mulher?

Ela exigiu de Tupã que o punisse e nunca mais a visse!
Tupã então ergueu a maior montanha que existia e lá dentro colocou a índia Tupi.

O Sol, de dor, sangrou poentes vermelhos e quis se afogar no mar prateado.

A Lua, com a dor do seu amado, chorou Infinitas estrelas, constelados e prantos de luz.

Mas nenhum choro foi tão chorado e sofrido como as lágrimas da bela índia, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol. Ela chorou rios de lágrimas, rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, viberas, cachoeiras, corredeiras, bicas e mananciais.

Seu povo esqueceu seu nome, mas chamaram a partir de então de Amantikir, que significa “serra que chora”.

Tiago
Um paulistano morando aos pés da Serra da Mantiqueira, formado em Administração, Turismo e Data Science, criador do blog Fé no Pé, proprietário da Estratégia Software e da NaMoska 3D, guia de turismo, montanhista, mochileiro e voluntário da Sea Shepherd Brasil

7 thoughts on “A lenda da Serra da Mantiqueira (A-man-ti-kir).

  1. Pelo wikipédia
    “Mantiqueira” é um termo de origem tupi que significa “gota de chuva”, através da junção dos termos amana (chuva) e tykyra (gota)
    Sempre achei que fosse serra que chora, mas parece que pela etmologia indígena e gota de chuva mesmo.
    Bela lenda.

    1. Bacana Rubens…em pesquisas antigas eu havia encontrado a origem na palavra tupi-guarani mohn-thy-kyiri que seria algo que montanha que chora.

  2. O-LÁ. Bom dia
    Pois, é ! Pela lenda tem mais sentido Serra/montanha que chora.
    Olha que bacana. A serra da Mantiqueira, é um complexo de montanhas considerado a 8ª formação natural protegida mais insubstituível do planeta, segundo artigo da International Union for Conservation of Nature publicada em 2013 pela Revista Science.
    Fé no pé.

  3. Tiago;
    na cidade em que eu nasci em São João do Itaperiú (SC) também existe uma região de morros que os indígenas locais no final do século XIX chamavam de ‘mantiquira’.
    Hoje existe um bairro na cidade com nome Mantiqueira.

    Abraços,
    Flavio Bernardes.

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